Pesquisa do IBGE apontou que 52,5% das empresas não sobreviveram ao 4º ano de atividade

O IBGE divulgou hoje uma pesquisa que aponta como principal resultado, o percentual de empresas (47,5%) que conseguiram sobreviver após quatro anos de atividade, no período analisado até 2013.

Foram também identificados outras interessantes conclusões, relacionadas ao porte, setor de negócios e estrutura da força de trabalho (nº de funcionários).

A pesquisa tomou como base um grupo de empresas que iniciaram as atividades, entre 2009 a 2013. (Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Metodologia das Estatísticas de Empresas, Cadastros e Classificações, Cadastro Central de Empresas 2005-2013)

O dado mais icônico, foi que numa amostra de 4,8 milhões de empresas analisadas, mais da metade (52,5%) encerraram a atividade após o quarto ano de existência. Aquelas com maior corpo de funcionários apresentaram maior índice, possivelmente face aos pesados custos associados aos encargos trabalhistas.

Uma positiva observação, foi que na análise por todas as seções de atividades com exceção de ELETRICIDADE e GÁS (justamente gargalos de nossa infraestrutura!), todas apresentaram queda nas taxas de saída de empresas do mercado. As maiores reduções foram verificadas nas seções outras atividades de serviços (9,0 p.p.) e alojamento e alimentação (4,3 p.p.). Curiosamente, hotelaria, restaurantes e serviços são os setores que também figuram nas estatísticas das empresas mais antigas em atividade no mundo!

Voltando ao Brasil, aliam-se a esta realidade os efeitos das crises econômicas no período do estudo e o evidente efeito da nossa carga tributária, que contribuem fortemente para esse índice de mortalidade.

No entanto, ainda que países com cultura empresarial mais avançada (USA, Europa e Japão) ofereçam alguns privilégios às PMEs, não estão muito longe do patamar de tributação sobre a receita do Brasil. Obviamente, os governos de lá oferecem um retorno efetivo do imposto pago, minimizando alguns custos que as empresas brasileiras tem que assumir, por conta da ineficiência de nossos gestores públicos.

Esta alta “taxa de mortalidade” das empresas expostas nesta pesquisa, é um fato, mas são causados também por outros impactantes fatores, bem conhecidos de nossa realidade, como:

  • má gestão financeira;
  • negligência a um planejamento estratégico formal, de longo prazo;
  • desprezo às tendências tecnológicas ou de mercado;
  • conflitos societários, às vezes de gerações sucessoras;
  • falta de preparo empresarial dos empreendedores.

Estes fatores certamente têm o mesmo peso e são grandes vilões desta estatística, junto com a pesada carga tributária.

ALGUMAS AÇÕES PARA REDUZIR ESTA CRUEL TAXA DE MORTALIDADE EMPRESARIAL NO BRASIL:

=> Estabelecer uma eficiente gestão das projeções dos fluxos de caixa da empresa, é vital para a perenidade dos negócios. Por mais inovadora e bem sucedida operacionalmente que seja, não há empresa que resista muito tempo sem uma eficiente gestão de seu caixa.

Obs: cuidado com os atuais descasamentos (atrasos) dos meios de recebimentos por cartão de crédito! Muitos pequenos comércios e os e-commerces enfrentam desequilíbrio financeiro e entram na ciranda de crédito com adiantamentos de recebíveis, oferecidos pelas instituições de crédito, associadas as bandeiras de cartões (para a alegria, destas).

=> Manter uma reserva de capital de emergência (capital de giro) para eventuais períodos difíceis ou contingências operacionais, fugindo de endividamentos e das altas taxas de juros bancários.

=> Considerar mecanismos de captação de recursos a custos condizentes (ou ambiciosos como IPO ou participação de investidores de risco), para alavancagem dos negócios!

=> Realizar (sempre) gestão de custos e periódicas projeções orçamentárias.

=> Manter-se atualizado com relação às tendências de mercado, evoluções tecnológicas e mídias de divulgação e marketing. Obs: A Coca-Cola realiza modelagens financeiras e projeções do ambiente de seus negócios, mapeando crises, gargalos operacionais, oportunidades em eventos de grande porte, novos canais para seu merchandising, etc, em cenários de até 50 anos!

=> Dimensionar seu contingente de pessoal. Atividades secundárias ou de apoio que requerem constante atualização e investimentos de ferramental, sistemas e treinamento, fora de sua atividade principal devem ser terceirizadas para evitar a dispersão de suas estratégias e manter o foco no “core-business”. Ex: contabilidade, folha de pagamento, serviços de entrega (delivery), etc.

=> O plano de negócios original, não pode ser abandonado. Periodicamente, ele deve ser revisado, ajustes e correções dos cursos dos negócios devem ser pensados e, assim, minimizam-se as surpresas e decisões deficitárias.

=> No caso de empresas com controle familiar, algumas orientações e adoção de práticas de governança corporativa (ex: conselhos de família, regimentos de sucessão e assessoria de family-offices), podem ajudar muito, minimizando conflitos e garantir um pacto de perpetuidade da marca e dos negócios da família.

Vale lembrar a nova realidade empresarial onde, para atuar num ambiente de negócios globais e regras rígidas anticorrupção, as empresas além da qualidade de seus produtos e serviços são cobradas pela conduta de integridade, sustentabilidade e ética nos negócios!

No passado, muitos empresários geriram suas empresas se beneficiando da impunidade, admitindo práticas ilícitas, tais como a sonegação de impostos, oferta de propinas e desrespeito aos clientes. Só que hoje são fatores de alto risco -além da reputação e imagem- que tiram (e vão tirar) muitas empresas do mercado.

Fonte: Pulse Linkedin (www.linkedin.com/pulse)